Vander
Valduga é natural da cidade de Bento Gonçalves e tem 40 anos, é graduado em Turismo
pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), é bacharel e mestre em Turismo pela
UCS, doutor em Geografia pela Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS)
e pós-doutor em Hospitalidade pela Anhembi Morumbi. Atualmente exerce a função
de professor do curso de Turismo e cordena o Mestrado em Turismo na Universidade
Federal do Paraná (UFPR).
Conheci
Vander Valduga através da disciplina isolada de Redação e Publicação de Artigos
Científicos de Turismo e Hospitalidade na UFPR a distância no final de 2020 e
por isso achei interessante entrevistá-lo para o blog.
Você possui graduação em Turismo pela
Universidade de Caxias do Sul, depois de concluir em 2004, aperfeiçoou seus
conhecimentos em Turismo, Geografia e Hospitalidade realizando mestrado,
doutorado e pós-doutorado. Desde então sempre atuou na área. Por que escolheu
turismo?
Vander: Foi praticamente um caminho
natural. Eu vivia num contexto turístico (Bento Gonçalves e Vale dos Vinhedos)
e comecei a trabalhar com turismo antes da minha formação de graduação, por
conta de ter uma vinícola familiar que foi pensada e planejada para ter
estrutura de recebimento de turistas: varejo, passeios e experiências
didáticas. Meu irmão era guia de turismo na época e também indiretamente acabou
influenciando minha trajetória na atividade, embora eu tenha me formado antes
dele. Ele teve formação de guia antes de fazer o bacharelado. E meu pai
comercializada uvas in natura para turistas que visitavam a vinícola Aurora na
cidade de Bento Gonçalves nos anos 80. Então, de alguma forma, sempre teve um
envolvimento familiar com a atividade turística e a formação foi consequência
das atividades profissionais.
Você já atua como professor na área de Turismo há 15 anos. Quais são seus maiores desafios até hoje como professor acadêmico?
Vander: Nem lembrava que tinha tanto
tempo já de docência. Eu vivenciei 3 tipos de instituições e perfis: universidade
privada, universidade comunitária e universidade pública. Em cada uma delas
foram desafios diferentes. Na privada a sobrevivência do curso, gerar demanda
de estudantes e a facilidade e a rapidez com a gestão dos processos. Na
comunitária, semelhante a privada, em meados dos anos 2000 iniciou um processo
de racionalização e enxugamento na lógica do fazer mais com menos. Então esse
foi um desafio importante: fazer mais coisas, assumir mais responsabilidades,
mais aulas, mais carga horária e contar com menos gente. Além de manter a
sobrevivência do curso, gerar demanda de alunos. Em ambas eu não conseguia
desenvolver pesquisa mais consolidada, o que me fez buscar a universidade
pública. Na pública, os desafios são garantir o seu funcionamento e continuidade,
invariavelmente ameaçado. Desafios são sempre vencer a burocracia federal,
conseguir e manter fontes de financiamento para projetos e bolsas de alunos e,
especialmente nos últimos 2 anos, o desafio tem sido mostrar a importância da
ciência, dos professores e da universidade pública num país que não valoriza a
educação.
Fale um pouco sobre a importância da educação
superior em Turismo
Vander: A educação em si tem papel
central ou deveria ter papel central para qualquer estratégia de
desenvolvimento do país. A educação em turismo deveria se alinhar a um projeto
de desenvolvimento de país. Tem papel central no desenvolvimento pessoal das
pessoas, como meio de respeito a diversidade e às culturas. A educação superior
em turismo deveria ser um complemento de uma educação fundamental voltada para
o respeito ao outro, a natureza e as culturas. Esvaziamos um pouco o seu
sentido em ideias e ideais sectários, na ideia de gestão de destino ao invés de
pensar o território, em toda sua complexidade. A educação em turismo também
deveria ser totalizadora e possibilitadora de uma transformação social.

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